sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Pulso


O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa...

Peste bubônica
Câncer, pneumonia
Raiva, rubéola
Tuberculose e anemia

Rancor, cisticircose
Caxumba, difteria
Encefalite, faringite
Gripe e leucemia...

E o pulso ainda pulsa
E o pulso ainda pulsa

Hepatite, escarlatina
Estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo
Esquizofrenia

Úlcera, trombose
Coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes
Asma, cleptomania...

E o corpo ainda é pouco
E o corpo ainda é pouco
Assim...

Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia

Brucelose, febre tifóide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Câimba, lepra, afasia...

O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco

Arnaldo Antunes

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Amarras


Sinto uma vontade extremamente louca de te ligar
Passei a noite inteira a sonhar
Não quero mais te desejar
Só queria me encontrar em você
Mas, só te encontro aqui
Dentro de mim
Vagando por entre meus pensamentos cinzentos...


Soltei a voz
Esqueci a dor
Tive um topor
Perdi o ar
Tentei vivenciar
O que de longe parecia estar tão perto
Abri o peito
Descomprimi o coração
Dei asas a imaginação
E por instantes
E por medo
Não nos tocamos
Apenas nos encontramos
No meu pensamento...

Eu preciso te tocar
Te cheirar
Entrelaçar os meus dedos em teus cabelos
Sentir teus braços a me enlaçar num abraço
Seus olhos a me fitar
A sua boca carnuda, vermelha e gostosa a me beijar
a boca, orelha, pescoço, seios, pernas e ventre....

Eu preciso te sentir dentro de mim
Escutar você dizer o quanto sou cheirosa, gostosa.
Sentir o seu membro por completo dentro de mim
Penetrando-me às vezes devagarinho
Hora de pouquinho em pouquinho
ou até mesmo de sopetão
Num simples feiche de luz
Com toda a sua fúria
Com toda a sua gula
Com todo o seu Tesão

Para enfim
Gozarmos, juntos....

Marina Fatiane.

Zestra e Mara



Às vezes desejo a escuridão
A imersão do meu ser
A loucura de não estar presente
No meu corpo

O céu está estranho
Escuro
Cinzento
Não faz frio
Nem faz sol
Não está quente
Mas também não esta fria
Está simplesmente abafado

Você não liga
Eu também não
Eu sinto falta de você
E você... Não sei o q sente!

Você diz q quer me ver
Eu sei que quero muito te ver
Mas agente nunca se ver
Por quê?

Não quero estar dentro de mim
Não quero habitar meu corpo
Não quero mais este lar
Tão louco e confuso
Cheio de sensações estranhas e esquisitas
Não suporto mais sofrer
Algo que não sei explicar de onde vem
E porque vem
E se vem pra onde vai?

Não consigo escutar o universo
Não consigo ser

Ser...
Acho q o problema está aí!
Ser...
Ser o que?
Ser quem?
Ser...

Ser o Zestra?
Zestraterrestre?
Ser a Mara?
A Mara ervilha?


Marina Fatiane

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Eu te devoro!


Teus sinais
Me confundem
Da cabeça aos pés
Mas por dentro
Eu te devoro!

Teu olhar
Não me diz exato
Quem tu és
Mesmo assim
Eu te devoro...

Te devoraria
A qualquer preço,
Porque te ignoro,
Te conheço,
Quando chove ou
Quando faz frio.

Noutro plano
Te devoraria
Tal Caetano
A Leonardo DiCaprio...

É um milagre,
Tudo que Deus criou
Pensando em você,
Fez a via-láctea
Fez os Dinossauros,
Sem pensar em nada
Fez a minha vida
E te deu,
Sem contar os dias
Que me faz morrer,
Sem saber de ti
Jogado à Solidão,
Mas se quer saber
Se eu quero outra vida
Não! Não!


Eu quero mesmo é viver
Pra esperar, esperar
Devorar você...
Viver, viver
Pra esperar você,
Quero viver
Pra esperar você,
Quero esperar você...

Composição: Djavan

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

É preciso partir ....


Preciso me perder de ti!
Não posso mais continuar assim,
A te esperar...


Esta espera incessante, que de tão incerta
Se perde na escuridão,
Na imensidão
E no vazio do céu azul escuro que traz a chuva,
Que de tão forte
Leva todos os meus sonhos,
Fantasias,
Devaneios,
Anseios,
Desejos...

Não existe nenhuma verdade,
É hora de partir
É hora de sair deste lugar seguro que nem é tão seguro assim,
Mas do qual adoro tanto,
E dirigir-me para outras e novas fantasias
Ou quem sabe me entregar e viver logo de vez
A tal “realidade” e perder de vez a minha tal “liberdade”.

Só sei que é preciso partir...

Marina Fatiane.