sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Noturno Copacabana




Noite, à beira-mar
Homens vêm montar
Centauros de silicone
Por cem reais
Nalgum motel
Ou sob o céu do Mirante
Leme, Marimbás
Forte, Posto Seis
É pura pulsão de morte... morte... morte...

Noite, à beira-mar
Carros vão passar
Por vigilantes sereias
Uns vão seguir
Sem escutar
Com algodão nos ouvidos
Outros vêm morrer
Vêm se afogar
No mar de Copacabana ... ana... ana....

E eu vou me equilibrando
Andando, andando
Na corda do meu desejo
E quando, quando
A noite avançar
No fundo do mar
Os mortos matam sua sede... sede... sede...

Francisco Bosco & Guinga

Movimento




Palavras?
Para quê?
Se seus movimentos são extremamente claros e sinceros.

Sentimentos?
Para quê?
Se os que tenho só me causam sofrimento,
E os teus lhe trazem o enclausuramento.

Liberdade?
Só se for à dos pássaros que cantam sem se preocupar com a afinação
E voam para qualquer direção.

Seguir?
Para onde?
Se não cruzaremos mais a mesma estrada.

Quem dera ser o beijo, o seio, o corpo de teus desejos
Ser a Ana do teu mar.
Quisera eu
Você se abrir
E se entregar
Para enfim nos amar...

Te sinto cada vez mais distante
Me sinto cada vez menos interessante.
Não há palavras em tua boca
Mas entendo o que você quer
Só não suporto compreender a verdade.
Assim como você
Não quero mais amar ninguém
Você perdeu quem tanto ama
E eu que nunca tive você
Te perdi, que é de quem eu tanto amo.
Com pedir para você me ensinar a te esquecer
Se nunca houve uma só palavra entre nós?

Posso sentir a sua dor
Bem aqui do lado esquerdo do peito
Posso sentir a dor de ser desprezada
Mas não enganada.
Se me ludibrio é por conta da minha imaginação
É por conta da minha capacidade de amar.

Quisera eu ser mais fria e racional.

Marina Fatiane

Palavras, poucas palavras...


Tentei!

Em minha mochila levei,

Sonhos,

Desejos,

Anseios

E uma paixão!

Esperança

E ilusões muitas ilusões!


Voltei!

Em minha mochila trouxe,

Pesadelos,

Desejos,

Anseios

E um coração ferido.

Nada de esperanças

E tristeza muita tristeza!


Fiquei!

Estagnei no tempo

Sem energia

Sem esperanças de sobreviver

Em meio a tanta gente maldosa e medrosa.

E assim vou me tornando como essa gente

Cada vez mais triste, doente, inflexível, sem palavras e sem sentimentos

Vazia!


Marina Fatiane

Insônia




Observo seu rosto ao dormir
E peço fervorosamente à Deus
O teu amor
A tua compania,
Mas por algum motivo
Nem Deus, nem você ouvem os meus pensamentos!

Do que adianta me chamar para deitar contigo
Se ao desnudar-me com teu olhos
Mal ousa tocar-me
Seja com seus lábios vermelhos
Seja com suas mãos quentes
Seja com seus pés frios
Seja com seu membro viril...

Nem te olhar me satisfaz
Logo me canso de tanto voyeurismo
E caio no sono.
Sonho contigo e suas supostas pretendentes,
Amores pendentes.
Acordo triste e assustada
Pois me parece real!

Toco-te e você se afasta
Olho-te, mas você desvia o olhar
Nem ouso te abraçar ou te beijar
Seus movimentos são frios e precisos
Certeiros, vão de encontro com o meu peito
Penetrando, dilacerando, esquartejando meu coração
Que já anda fragilizado há anos...

Viro-me para o lado e tento dormir
Mas nem você, nem o sono vêm...


Marina Fatiane

Marcas



Marcada estou,
Triste me tornei.
Distante fiquei,
O amor a dois nunca encontrei.
Em um rio jamais naveguei,
Teu coração nunca terei.
Alegria jamais reencontrarei,
Assim como teus lábios, teus olhos, teu corpo.

Ah! Desejo infinito que causa irritação
Dor no coração
Morte
Perdição
Oh! Mundo cão.

Varias canções
E um único “NÃO” que insiste e persiste
Martela cronicamente em minha mente
Nada sã.

Cisão,
Negação,
Dissociação,
Quero ir embora
Quero sair desse mundo
Quero ter uma amnésia, AGORA!

Marina Fatiane

Partida


Partirei no primeiro ônibus
Sairei em disparada
Não olharei mais para trás
Te esquecerei

Cansei de ser ignorada e rejeitada,
Desnuda-me com teus olhos
Mas não me tocas...
Saiba que sou feita de carne
E meu coração não tem cimento
Ele é frágil meu bem
Não sou como você
Uma geleira humana,
Um iceberg...

Por isso, partirei
Te esquecerei,

E não mais retornarei!

Marina Fatiane

Lendas




Debruçado em sonhos de você
Nas campinas nas estradas do luar
Derramado em seu olhar
Eu fui por seu amor
Escravo e rei, amado e rei

A saudade cedo se calou
Como a dor sentida em lendas de amor
Muito mais que amigo sei
Eu fui por seu amor
Escravo e rei, amado rei

Fiz do verso pensamento em flor
Fiz um rio de água clara
À foz do amor
Bem mais lindo que chorar
É se saber do amor
Amado rei, escravo e rei

Egberto Gismonti e Paulinho Tapajós