quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Esperança



É preciso,
Acabar com tudo,
Queimar se necessário!
Acabar até mesmo com o velho vício de sonhar
E me empenhar para
Não deixar-me afogar
Nas enchentes nada serenas do meu coração.

É preciso,
Tentar de alguma forma,
Multiplicar o pouco de amor
Que ainda resta em mim.
Só para não sucumbir
E nem partir...

Desejo,
Voar pelos grandes e imensos latifúndios,,
Infinitos horizontes guardados dentro de mim
E que esperam ansiosamente por minha chegada.
E é preciso voar,
Para bem longe desses muros que me cercam
Pois quase nunca me enxergam
E podem me fazer mal!

... Dissocio-me,
E crio vários universos paralelos.
Distancio-me,
E vou de encontro com os pensamentos
Mais puros insanos e profanos.

Pronto!
Encontro meu lugar secreto,
Nem sempre deserto
E totalmente ao contrário do que o destino me reserva.

Dou de ponta na piscina da amargura.
Silenciosa,
Sonho acordada,
Às vezes acordo em mares tão profundos
Que mal consigo enxergar
O que a vida tem a me ofertar
E sigo em frente
Sem saber se vou conhecer
O lugar que tanto quero chegar...

Marina Fatiane

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Pulso


O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa...

Peste bubônica
Câncer, pneumonia
Raiva, rubéola
Tuberculose e anemia

Rancor, cisticircose
Caxumba, difteria
Encefalite, faringite
Gripe e leucemia...

E o pulso ainda pulsa
E o pulso ainda pulsa

Hepatite, escarlatina
Estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo
Esquizofrenia

Úlcera, trombose
Coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes
Asma, cleptomania...

E o corpo ainda é pouco
E o corpo ainda é pouco
Assim...

Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia

Brucelose, febre tifóide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Câimba, lepra, afasia...

O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco

Arnaldo Antunes

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Amarras


Sinto uma vontade extremamente louca de te ligar
Passei a noite inteira a sonhar
Não quero mais te desejar
Só queria me encontrar em você
Mas, só te encontro aqui
Dentro de mim
Vagando por entre meus pensamentos cinzentos...


Soltei a voz
Esqueci a dor
Tive um topor
Perdi o ar
Tentei vivenciar
O que de longe parecia estar tão perto
Abri o peito
Descomprimi o coração
Dei asas a imaginação
E por instantes
E por medo
Não nos tocamos
Apenas nos encontramos
No meu pensamento...

Eu preciso te tocar
Te cheirar
Entrelaçar os meus dedos em teus cabelos
Sentir teus braços a me enlaçar num abraço
Seus olhos a me fitar
A sua boca carnuda, vermelha e gostosa a me beijar
a boca, orelha, pescoço, seios, pernas e ventre....

Eu preciso te sentir dentro de mim
Escutar você dizer o quanto sou cheirosa, gostosa.
Sentir o seu membro por completo dentro de mim
Penetrando-me às vezes devagarinho
Hora de pouquinho em pouquinho
ou até mesmo de sopetão
Num simples feiche de luz
Com toda a sua fúria
Com toda a sua gula
Com todo o seu Tesão

Para enfim
Gozarmos, juntos....

Marina Fatiane.

Zestra e Mara



Às vezes desejo a escuridão
A imersão do meu ser
A loucura de não estar presente
No meu corpo

O céu está estranho
Escuro
Cinzento
Não faz frio
Nem faz sol
Não está quente
Mas também não esta fria
Está simplesmente abafado

Você não liga
Eu também não
Eu sinto falta de você
E você... Não sei o q sente!

Você diz q quer me ver
Eu sei que quero muito te ver
Mas agente nunca se ver
Por quê?

Não quero estar dentro de mim
Não quero habitar meu corpo
Não quero mais este lar
Tão louco e confuso
Cheio de sensações estranhas e esquisitas
Não suporto mais sofrer
Algo que não sei explicar de onde vem
E porque vem
E se vem pra onde vai?

Não consigo escutar o universo
Não consigo ser

Ser...
Acho q o problema está aí!
Ser...
Ser o que?
Ser quem?
Ser...

Ser o Zestra?
Zestraterrestre?
Ser a Mara?
A Mara ervilha?


Marina Fatiane

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Eu te devoro!


Teus sinais
Me confundem
Da cabeça aos pés
Mas por dentro
Eu te devoro!

Teu olhar
Não me diz exato
Quem tu és
Mesmo assim
Eu te devoro...

Te devoraria
A qualquer preço,
Porque te ignoro,
Te conheço,
Quando chove ou
Quando faz frio.

Noutro plano
Te devoraria
Tal Caetano
A Leonardo DiCaprio...

É um milagre,
Tudo que Deus criou
Pensando em você,
Fez a via-láctea
Fez os Dinossauros,
Sem pensar em nada
Fez a minha vida
E te deu,
Sem contar os dias
Que me faz morrer,
Sem saber de ti
Jogado à Solidão,
Mas se quer saber
Se eu quero outra vida
Não! Não!


Eu quero mesmo é viver
Pra esperar, esperar
Devorar você...
Viver, viver
Pra esperar você,
Quero viver
Pra esperar você,
Quero esperar você...

Composição: Djavan

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

É preciso partir ....


Preciso me perder de ti!
Não posso mais continuar assim,
A te esperar...


Esta espera incessante, que de tão incerta
Se perde na escuridão,
Na imensidão
E no vazio do céu azul escuro que traz a chuva,
Que de tão forte
Leva todos os meus sonhos,
Fantasias,
Devaneios,
Anseios,
Desejos...

Não existe nenhuma verdade,
É hora de partir
É hora de sair deste lugar seguro que nem é tão seguro assim,
Mas do qual adoro tanto,
E dirigir-me para outras e novas fantasias
Ou quem sabe me entregar e viver logo de vez
A tal “realidade” e perder de vez a minha tal “liberdade”.

Só sei que é preciso partir...

Marina Fatiane.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Cio da Terra



Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão e se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel, se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação De fecundar o chão.

Composição: Milton Nascimento / Chico Buarque

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Booooooooooooooom!



Aaaaaaaaaaaaaaaaah que vontade de explodir
Explodir o mundo
Explodir minha cabeça
Explodir o mundo outra vez
Explodir
Sumir!
Fugir
Ir pra bem longe daqui!

Desintegrar na imensidão do espaço
Desfazer a dor de ser
Ineficiente,
Descontente,
Indisplicente,
E tão decadente!

Quero dormir e nao acordar mais!
Nunca mais!

Fritys Loki

Vermelho Sangue Sol


Infinito horizonte do meu peito,
Sempre deságua em desejos...

Louca loucura de se descobrir uma mulher cada vez mais louca
Insaciável,
Descontrolada,
Nervosa,
Charmosa,
Maluca!

Ah! Louca e Incessante vontade de estar longe daqui
E mais pertinho do mar

Sinto que não estou em mim
Estou muito longe
Longe do meu eixo ideal
Estou meio mal


Marina Fatiane

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Avareza


Fonte: Jérôme Bosch-Les 7 Péchés Capitaux


Um presente,
Uma iguaria
Feitas por ervas finas
Doces, bombons
Uma infinidade de cores e sons

Inveja,
Avareza,
Sonho,
Mistério,
Paixões!

É um misto de coração quente
É um flagelo que sempre insiste em visitar agente

Sinto a necessidade de seduzir alguém,
Por um momento sair de mim
Ter uma overdose
Esclerosar a veia
Dizer palavras feias
Viver e
Simplesmente
Ser eu mesma.

Marina Fatiane

sábado, 7 de agosto de 2010

Nós Dois



Está chegando o momento
De irmos pro altar
Nós dois
Mas antes da cerimônia
Devemos pensar em depois


Terminam nossas aventuras
Chega de tanta procura
Nenhum de nós deve ter
Mais alguma ilusão
Devemos trocar idéias
E mudarmos de idéias
Nós dois
E se assim procedermos
Seremos felizes depois


Nada mais nos interessa
Sejamos indiferentes
Só nós dois, apenas dois,
Eternamente

Composição: Cartola

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Seco




Prefiro o tinto que o branco
Antes o suave que o seco
Sou mais você hoje do que ontem
Ah! Como quero que isso seja eterno!



Prefiro a sua gargalhada sincera que o meu sorriso amarelo
Antes o seu carisma que o seu mau humor
Sou mais você presente que no meu pensamento
Ah! Como te quiero!

Marina Fatiane

Contato





Aprendi a te conhecer no silêncio
Sei que ás vezes caio no esquecimento,
Mas você consegue provocar em mim
Pensamentos que sempre me fazem cair no esmaecimento,
Parece um delírio.

Já acostumei com tua altura
Já me sinto tão grande quanto você
Já consigo me encaixar no teu corpo quente e macio.
Mesmo que isso ainda possa parecer mentira para mim,
Devo admitir que agora está quase tudo sob controle!
Marina Fatiane

domingo, 1 de agosto de 2010

O último suspiro!




Vômitos, diarréias, verborragias mentais.

Dormi pensando em um

Acordei sonhando com outro.

Porque nada é do jeito que agente quer?


 

Desejos,

Pequenos lampejos do ser autêntico,

Frenético,

Sem nexo.


 

Não te quero mais

Em forma de canção

Em forma de versos

Em descompasso com o meu coração.


 

Enalteço-me com teus lábios molhados.

Beije-me quando estiver dentro de mim,

Sufoque-me com o teu cheiro,

Cubra-me com teus cabelos,

Abrace-me com teu corpo

Que arde ao entrar em contato com o meu.


 

Que possamos nos tornar um corpo só

Vibrando momentos intensos.

Devorarmos-nos em vários beijos quentes...


 

Mas entristeço-me quando não queres mais me ver

Quando não me liga

Falando doce, manso, com carinho...

Desejo-te só sei disso

E isto é uma loucura, eu sei

Mas também sei que não temos solução!


 

Marina Fatiane

quinta-feira, 15 de julho de 2010

KIT DO BRASILEIRO



*Vai transar?*
O governo dá camisinha.

*Já transou?*
O governo dá a pílula do dia seguinte.

*Teve filho?*
O governo dá o Bolsa Família..

*Tá desempregado?*
O governo dá Bolsa Desemprego.

*Vai prestar vestibular?*
O governo dá o Bolsa Cota.

*Não tem terra?*
O governo dá o Bolsa Invasão e ainda te aposenta.

*RESOLVEU VIRAR BANDIDO E FOI PRESO?*
Desde o dia 1º/1/2010 O GOVERNO DÁ O AUXÍLIO RECLUSÃO!!!

*esse é novo*
Todo presidiário com filhos tem direito a uma bolsa que, é de R$798,30 "por filho" para sustentar a família, já que o coitadinho não pode trabalhar para sustentar os filhos por estar preso.

Não acredita?
Confira no site da Previdência Social.

Portaria nº 48, de 12/2/2009, do INSS
( http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22)

*Mas experimenta estudar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!*

"Trabalhe duro, pois milhões de pessoas que vivem do Fome-Zero e do Bolsa-Família, sem trabalhar, dependem de você"

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Bolinha de Sabão



Sentado na calçada,
De canudo e canequinha,
Tuplec tuplim,
Eu vi um garotinho,
Tuplec tuplim,
Fazer uma bolinha,
Tapaplec tuplim plim,
Bolinha de sabão,
Eu fique a olhar,
E pedi para ver,
Quando ele me chamou,
E pediu pra com ele brincar,
Foi então que eu vi,
Como era bom brincar,
Com bolinha de sabão,
Ser criança é bom,
Agora vou passar,
A fazer bolinha de ilusão.

Composição: Orlan Divo / Adilson Azevedo

domingo, 4 de julho de 2010

Eu me amo!




Há quanto tempo eu vinha me procurando
Quanto tempo faz, já nem lembro mais
Sempre correndo atrás de mim feito um louco
Tentando sair desse meu sufoco
Eu era tudo que eu podia querer
Era tão simples e eu custei pra aprender
Daqui pra frente nova vida eu terei
Sempre a meu lado bem feliz eu serei

Eu me amo, eu me amo
Não posso mais viver sem mim

Como foi bom eu ter aparecido
Nessa minha vida já um tanto sofrida
Já não sabia mais o que fazer
Pra eu gostar de mim, me aceitar assim
Eu que queria tanto ter alguém
Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém
Longe de mim nada mais faz sentido
Pra toda vida eu quero estar comigo

Foi tão difícil pra eu me encontrar
É muito fácil um grande amor acabar, mas
Eu vou lutar por esse amor até o fim
Não vou mais deixar eu fugir de mim
Agora eu tenho uma razão pra viver
Agora eu posso até gostar de você
Completamente eu vou poder me entregar
É bem melhor você sabendo se amar

Roger Rocha Moreira

http://www.youtube.com/watch?v=AbH98Iu9-Ws&feature=player_embedded

terça-feira, 15 de junho de 2010

Verde e Amarelo



Verde e Amarelo
verde e amarelo (coro)
Boto fé, não me iludo
Nessa estrada ponho o pé, vou com tudo
Terra firme, livre, tudo o que eu quis do meu país
Onde eu vou vejo a raça
Forte no sorriso da massa
A força desse grito que diz:"É meu país"

Verde e amarelo (coro)
Sou daqui, sei da garra
De quem encara o peso da barra
Vestindo essa camisa feliz do meu país
Tudo bom, tudo belo
Tudo azul e branco, verde e amarelo
Toda a natureza condiz com o meu país

Verde e amarelo, verde e amarelo (coro)

Só quem leva no peito esse amor, esse jeito
Sabe bem o que é ser brasileiro
Sabe o que é:

Verde e amarelo, verde e amarelo (coro)
Verde e amarelo, verde e amarelo (coro)

Bom no pé, deita e rola
Ele é mesmo bom de samba e de bola
Que beleza de mulher que se vê no meu país
É Brasil, é brasuca
Esse cara bom de papo e de cuca
Tiro o meu chapéu, peço bis pro meu paísVerde e amarelo, verde e amarelo (coro)
Verde e amarelo (coro)

Boto fé, não me iludo
Nessa estrada ponho o pé, vou com tudo
Terra firme, tudo o que eu quis é o meu país
É Brasil, é brasuca
Esse cara bom de papo e de cuca
Tiro o meu chapéu, peço bis pro meu país

Verde e amarelo, verde e amarelo (coro)
Verde e amarelo (coro)

É a camisa que eu visto

Verde e amarelo (coro)

Azul e branco também

Verde e amarelo (coro)

É Brasil, é brasuca

Verde e amarelo (coro)

Boto fé, não me iludo
Nessa estrada ponho pé, vou com tudo

Roberto Carlos

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Trajetória



Não perca tempo assim contando história
Pra que forçar tanto a memória
Pra dizer
Que a triste hora do fim se faz notória
E continuar a trajetória
É retroceder

Não há no mundo lei que possa condenar
Alguém que a um outro alguém deixou de amar
Eu já me preparei, parei para pensar
E vi que é bem melhor não perguntar
Porque é que tem que ser assim
Ninguém jamais pôde mudar
Recebe menos quem mais tem pra dar

E agora queira dar licença, que eu já vou
Deixa assim, por favor
Não ligue se acaso o meu pranto rolar, tudo bem
Me deseje só felicidade, vamos manter a amizade
Mas não me queira só por pena
Nem me crie mais problemas

Composição: Arlindo Cruz / Serginho Meriti / Franco

sábado, 15 de maio de 2010

Clarice Lispector



Eu sou um ser totalmente passional!
Sou movida pela emoção, pela paixão...
Tenho meus desatinos!!
Detesto coisas mais ou menos...
Não sei viver com pessoas mais ou menos...
Não sei amar mais ou menos...
Não me entrego de forma mais ou menos...

Se voce procura alguém coerente, sensata,
politicamente correta, racional...
cheia de moralismo... ESQUEÇA-ME!!!
Se voce sabe viver com pessoas
intempestivas, emotivas, vulneráveis...
amáveis, que explodem na emoção... ACOLHA-ME!!!
Se voce se assusta com esse meu jeito de ser... AFASTE-SE!!!
Se voce quiser me conhecer melhor... APROXIME-SE!!!
Se voce não gosta de mim... IGNORE-ME!!!
E quando eu partir... NÃO CHORE!!!

Clarice Lispector

Opinião



Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não.

Se não tem àgua, eu furo um poço
Se não tem carne, eu compro um osso e ponho na sopa
E deixo andar, deixo andar

Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu

Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião

Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não...

Podem me prender , podem me bater, que eu não mudo de opinião, que eu não mudo de opinião...

Nara Leão

Gota d´água




Já lhe dei meu corpo
Minha alegria
Já estanquei meu sangue
Quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor...

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água...


Chico Buarque (1975)

Vento De Maio


Vento de raio, rainha de maio
Estrela cadente

Chegou de repente
O fim da viagem
Agora já não da mais
Pra voltar atrás
Rainha de maio
Valeu o teu pique
Apenas para chover
No meu pique nique
Assim meu sapato
Coberto de barro
Apenas pra não parar
Nem voltar atrás
Rainha de maio
Valeu a viagem
Agora já não dá mais

Nisso eu escuto
No rádio do carro
A nossa canção
Sol, girassol
E meus olhos ardendo
De tanto cigarro
E quase que eu me esqueci
Que o tempo não pára
Nem vai esperar

Vento de maio
Rainha dos raios de sol
Vá no teu pique
Estrela cadente
Até nunca mais

Não te maltrates
Nem tentes voltar o
Que não tem mais vez

Nem lembro teu nome
Nem sei
Estrela qualquer
Lá no fundo do mar

Vento de maio
Rainha dos raios de sol

Telo Borges / Marcio Borges

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Travessia


Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito,
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha,
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto,
Muito tenho prá falar

Solto a voz nas estradas,
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra,
Como posso sonhar
Sonho feito de brisa,
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto,
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte,
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver

Milton Nascimento

terça-feira, 4 de maio de 2010

O Céu e o Mar



Hoje já não sinto mais
O peso do seu corpo sobre o meu
Corpo que se tornou frágil diante do teu.

A graça não está em te ter
E sim em te desejar
Não quero me iludir
Mas, já penso no fim

No fim de semana
Em que vamos nos encontrar
Ah! Que maravilha será...

... Vou dar uma festa
E quero que você esteja lá
Vou dançar pra você
Vou cair no mar

No mar dos teus olhos
No mar dos teus abraços apertados
Quero sentir tuas mãos a me tocar o rosto
Me acariciar...

Quero perder-ma na imensidão do teu céu
Na profundidade do meu mar
Navegarás nas águas de meu ventre
E me abocanharás
Com os teus mais obsenos, insanos e profanos desejos...



Marina Fatiane

quarta-feira, 10 de março de 2010

No elevador do filho de Deus - Elisa Lucinda



A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressuscitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de ex persona falida:
- Não, tava só deprimida.

Elisa Lucinda

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A Negação



Não direi mais nada, nem mais uma palavra
Não escreverei mais nenhuma frase
Não ouvirei mais a sua boca
Não sonharei mais com teus olhos
Não me cobrirei mais de agonia
Não me derreterei mais ao som de tua voz
Não me descontrolarei mais diante a tua presença
Não me abrigarei mais em teus beijos
Não me envenenarei mais dos meus sentidos
Não me renderei mais aos meus escritos
Não me vestirei mais com os meus vestidos
Não me cobrirei mais de meus instintos
Não me sofisticarei mais meus delírios
Não me incluirei mais nestes velhos saberes que fazem parte de meu ser
Do que eu sou, do que eu vivo e experiencio,
Só não vou deixar de amar, de viver e de falar sobre o amor
É assim que sou.

Marina Fatiane

sábado, 16 de janeiro de 2010

Deleite




No silêncio do meu jardim sem flores
Encontro-te vagando por entre meus pensamentos
E ao perceber nossos desencontros
Sinto-me triste
Fico mal humorada
E rego as plantas, com meu pranto.
Mas no final de tudo, de alguma forma,
Você se faz presente.
Não sei se é coisa do Inconsciente
Do fenômeno
Do pensamento constante em você
Do destino
Ou do sei lá o quê!
Mas você se faz presente.

As esperanças se reacenderam
Como uma nova estrela no céu
Estamos próximos.
O céu chora,
Meu sorriso se abre para um novo dia.
Vai ser difícil, mas preciso vencer esse medo, esse sentimento.
Sofrer sem poder ter a imensidão do céu,
Das cachoeiras que se transformam em véu,
Do amanhecer em teu peito com singelos beijos de bom dia
Aquecendo nossos corpos para um mais um novo dia...

Faz frio aqui fora
Porque não me aquece com suas massagens relaxantes e excitantes?

Tenho medo de morrer com essa esperança no peito, assim como o carteiro que tanto venerou Neruda.
Morrer na mão com o violão em meu peito
Por ter dito
- Não! Àquele amor perfeito.

Traga o violão
Quero fazer-te uma canção
Ardemos em paixão
No chão da sala,
Na cozinha,
Em cima do sofá,
Oferecer-me no almoço,
Quebrar a mesa no jantar
Provocar um grande alvoroço...


Mas, agora sou apenas fragmentos,
Pequeninos resquícios de lembranças já esquecidas, levadas pelo vento
Do que não sobrou
Do que não passou
Do que não voltou.

Por dentro, sangrenta desejo te esquecer,
Por fora, vaidosa desejo te encontrar,
Para então, deleitar-me em teu leito
Sentir o peso do teu corpo sobre meu peito,
Deliciar-me com teu sabor,
Fazer-te transpirar águas salgadas,
Sugar-lhe até percebê-lo
Cansado,
Exausto,
Plenamente farto.

Para somente então adormecer, sonhar
E nunca mais te encontrar.


Fritiane Totallytchoisted.

Tecnicolor

Please don't you ever ask me things I wouldn't like to talk about
It's time to get in touch with things, we always used to dream about
I'll take a train in technicolor
Come along be nice to me my girl
Through the window, the nice thing on earth will pass by
Moving slowly
Though the wide screen I'm gonna see me kissing you babe
In tecnicolor
Oh ! What a nice film we would be, if only you could come with me
It's time to get in touch with things we only used to care about
I'll take a train in technicolor
Come along be nice to me my girl
Through the window, the nice thing on earth will pass by
Moving slowly
Though the wide screen I'm gonna see me kissing you babe
In tecnicolor
In tecnicolor

Os Mutantes
Composição: (Arnaldo Baptista / Rita Lee / Sérgio Dias)

http://www.youtube.com/watch?v=JyLocMuwCYw&feature=player_embedded